Análise do jogo Tomb Raider (2013)


Depois de um longo período sem novos lançamentos, a franquia Tomb Raider regressou de uma forma totalmente nova, apostando em um estilo de jogabilidade mais moderno e apresentando uma Lara Croft que muito pouco lembra a icônica arqueóloga dos jogos anteriores. Falando assim, essa desconstrução da personagem pode até parecer algo ruim, mas a verdade é que o reboot soube lidar muito bem com a história da protagonista e já deixou o terreno preparado para futuras continuações.

O que vemos em Tomb Raider são os primeiros passos de Lara, que ainda é muito jovem e sem experiência, ou seja, não espere que ela tenha habilidades impressionantes com armas e equipamentos. O sarcasmo e a frieza, características ostentadas pela personagem por anos, deram lugar a uma abordagem mais humana: a protagonista é sentimental e sofre com as escolhas que precisa tomar ao longo de sua jornada, transmitindo para o jogador uma carga dramática nunca antes vista na série.


Nas palavras da própria Lara, ela havia saído pelo mundo para deixar a sua marca e encontrar aventuras, mas as coisas não saíram como o planejado e foi a aventura que a encontrou. No jogo, Croft está a bordo de um navio tentando encontrar o Reino de Yamatai, localizado próximo ao Japão, onde possivelmente Himiko, a Rainha-Sol, havia vivido. Durante a viagem, a embarcação em que ela e seus amigos estavam não resiste a uma forte tempestade e acaba naufragando. Com isso, a tripulação se divide, mas por sorte todos são levados pela correnteza até uma ilha, que coincidentemente é o local em que eles pretendiam chegar com segurança.

Enquanto se levantava na praia, Lara é capturada e levada para um lugar esquisito, onde é mantida amarrada de cabeça para baixo. Essa é a primeira ação praticada pelos Solarii, um grupo de pessoas que vivem na ilha e integram uma seita secreta comandada por Padre Mathias. Nossa primeira missão é tentar escapar, mas esse será um processo um pouco dolorido... Ao conseguir se soltar, um ferro atravessa parte do abdômen da protagonista no exato instante em que ela chega ao chão, resultando em uma cena impactante. A forma com que esse trecho foi construído transmite claramente para o jogador toda a dor sentida por Lara, além de funcionar como um aperitivo para os outros apuros que ainda estão por vir. Falando em sofrimento, o estúdio não poupou detalhes na hora de construir as cenas de morte da personagem.

Para sobreviver, Lara é obrigada a explorar a ilha em busca de suprimentos. Como não encontrou nada para comer, ela precisará matar um cervo para se alimentar. Seus próximos objetivos são encontrar uma forma de reunir os seus amigos e bolar um plano para que todos possam fugir. Acontece que as coisas não serão tão fáceis assim: no decorrer da aventura, a protagonista descobre que existe uma força sobrenatural que impede qualquer um de sair da ilha, além do fato de sua amiga Sam ser descendente da rainha Himiko e dos Yamatai.

Em cada região encontramos acampamentos, locais que são bastante úteis. Além de servirem para Lara descansar, neles podemos utilizar os pontos ganhos na campanha para melhorar as habilidades de caça, combate e exploração. Também existe uma página dedicada à criação e melhoria de armas. Outro recurso é o sistema de viagem rápida, possibilitando que nos desloquemos instantaneamente para qualquer outro acampamento já desbloqueado. Isso é ótimo para revisitar regiões que já foram exploradas.

Ocasionalmente encontramos tumbas secretas, onde estão os puzzles mais desafiadores do game. Os quebra-cabeças não são muito complicados, mas a sensação de completar cada tumba é prazerosa e recompensadora. Outra atividade secundária em Tomb Raider são os coletáveis. Pelo mapa, estão espalhados relíquias, documentos, peças de armas e desafios para serem cumpridos. O legal é que muitos desses itens funcionam como um complemento para a história. Acessando o mapa, conseguimos ver a quantidade de colecionáveis existentes e quantos já foram encontrados. 

Se por acaso você se sentir perdido em algum trecho, existe uma mecânica chamada instinto de sobrevivência, que deixa a tela em modo preto-e-branco e destaca em cores os inimigos, objetivos e as interações com o cenário. Melhorando as habilidades, o instinto de sobrevivência também mostrará a localização dos colecionáveis, mesmo que eles estejam do outro lado de uma parede, restando para você apenas descobrir qual é o caminho para chegar até o item.

A ambientação é excelente, a ilha de Yamatai apresenta diversos ambientes, todos muito bem feitos e cheios de detalhes. A jogabilidade foi totalmente reinventada e funciona extremamente bem. Lara automaticamente se esconde atrás de objetos e barreiras para não ser vista e também se abaixa sozinha quando está próxima de algum inimigo. O uso do arco e flecha é muito bom, tal como as armas de fogo. Na maioria das vezes, o game permite que você decida se vai avançar de forma furtiva ou não.

O título conta com um modo multiplayer, onde é possível jogar com a equipe do navio de Lara ou com os vilões do culto secreto da ilha. Entre as opções estão estilos de partidas já vistos em outros jogos, como o todos contra todos, o combate entre equipes e uma espécie de rouba bandeira. O modo multiplayer basicamente funciona como um bônus, já que não acrescenta nada na história e ainda apresenta alguns bugs.

Lançado em 2013 para Xbox 360, PlayStation 3 e PC, em 2014 Tomb Raider ganhou uma edição definitiva nos consoles PlayStation 4 e Xbox One. Esta análise foi feita com base na versão do Xbox 360.


Considerações finais
O reboot de Tomb Raider conseguiu revitalizar uma das séries mais clássicas da história dos videogames e que não andava tão bem assim. O desafio da Crystal Dynamics era grande, mas o estúdio conseguiu cumpri-lo com louvor. Com uma jogabilidade suave e fluida, o título conta com uma história envolvente e cheia de mistérios. Caso queira saber o máximo de tudo o que acontece na ilha, se prepare para gastar algumas horas buscando documentos e relíquias.

Fãs de longa data podem estranhar um pouco os rumos que a franquia tomou, mas é preciso reconhecer que o que foi entregue funciona extremamente bem. É verdade que o modo online não é a melhor coisa que já vimos, mas por si só ele não é capaz de tirar o brilho do game. Jogando com alguns amigos, a experiência é até divertida. Juntando todos esses fatores, podemos dizer que o estúdio acertou quando decidiu encarar a missão de dar um novo rumo para a série.

Nota
★★★★★ - 5 - Excelente


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Herbert Viana

Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV". twitter

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